Um demônio doce ronda as ruelas do passeio público da minha cidade. Como um anjo mau vaga pelas noites de todas as sextas-feiras do mundo de minha cidade. Montada numa pantera, sob negra epifania de olhos verdes, jorra sangue dos chafarizes. Animais embriagam-se no odor exalado pelos desejos dessa ninfa. Seios frêmitos de violência entrevistos sob a roupa de couro opaco. Num roteiro maldito e diabólico Ela vaga. Montes de lixo humano atrás de luxúria. Enegrece às ruas homens nus oferecendo seus membros à maldição. Mulheres em transe imitam seus gestos sulfúreos, de megera beleza. Os cabelos ruivos iluminam as redondezas da basílica. Ela fareja a profanação. A legião de desvalidos segue-lhe, obscuro destino. Redomas de nuvens tingem o céu de roxo para um juízo final. Seus olhos remetem a uma malignidade ancestral, seu corpo remonta o desejo da violação. A boca é o santuário da injúria. Todas as anomalias sexuais são sua louvação. Gritos de desfalecimento e zurros de prazer são seus hinos. A cidade recende incenso barato de sândalo branco imitando as formas da Odalisca. Praças inundadas de mascarados degradados. É chegada a hora de uma profecia há muito esquecida. E a chave desse grilhão sou eu.
24 de set. de 2008
MANUSCRITO ENCONTRADO ENTRE OS PERTENCES DA MULHERBARBADA
Um demônio doce ronda as ruelas do passeio público da minha cidade. Como um anjo mau vaga pelas noites de todas as sextas-feiras do mundo de minha cidade. Montada numa pantera, sob negra epifania de olhos verdes, jorra sangue dos chafarizes. Animais embriagam-se no odor exalado pelos desejos dessa ninfa. Seios frêmitos de violência entrevistos sob a roupa de couro opaco. Num roteiro maldito e diabólico Ela vaga. Montes de lixo humano atrás de luxúria. Enegrece às ruas homens nus oferecendo seus membros à maldição. Mulheres em transe imitam seus gestos sulfúreos, de megera beleza. Os cabelos ruivos iluminam as redondezas da basílica. Ela fareja a profanação. A legião de desvalidos segue-lhe, obscuro destino. Redomas de nuvens tingem o céu de roxo para um juízo final. Seus olhos remetem a uma malignidade ancestral, seu corpo remonta o desejo da violação. A boca é o santuário da injúria. Todas as anomalias sexuais são sua louvação. Gritos de desfalecimento e zurros de prazer são seus hinos. A cidade recende incenso barato de sândalo branco imitando as formas da Odalisca. Praças inundadas de mascarados degradados. É chegada a hora de uma profecia há muito esquecida. E a chave desse grilhão sou eu.
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