27 de jul. de 2009

O PRESTIDIGITADOR ASCETA



você me mostra uma carta que irá retirar daquele baralhoencantado sobre a mesa com a toalha vermelha; eu te mostrarei como será o futuro; a voz do prestidigitador é troante na arena que a tenda aérea cobre. o caibro do piso emana luz grená. você também pode escolher que eu mostre como foram suas vidas passadas. a plateia eletrizada num silêncio mortal. você está pronta para isso? a calça infelizmente apertava-lhe o pênis. por causa do espetáculo, devia permanecer com os dutos transbordantes de sangue. precisava concentrar-se.  uma ereção! agora!
a garota ouvira atentamente as instruções sobre como o show funcionava será que ele consegue ver sob as minhas roupas? e retirou do baralho um 8 de ouros preocupada com a aparência que o prestidigitador com seu grande chapéu e uma longacapa de duascores apresentava: quero saber como será o meu futuro. a cada segundo ficava mais alto, monstruoso, o rosto se deformando. era tão bonito. de mãos dadas com o artista agonizante, a alva menina, absorta, transida de horror, dá gargalhadas que lhe fazem ficar sem ar. o prestidigitador cai de joelhos, arranca os próprios cabelos e chora copiosamente. o terror começou quando alguém gritou  fogo!
após o incêndio encontraram entre os corpos carbonizados, bem no centro do picadeiro, uma menina muito branca com um baralho na mão numa espécie de transe, só ela conseguia enxergar calmamente o
 prestigitador, que agora parecia um bebê e tinha sete metros de altura. era feito de ar. ela apenas disse que guardava um segredo e nunca mais foi vista. isso foi há muito tempo.


Um comentário:

Lorena Rodrigues disse...

Oi insone
passei por aqui. e por causa da insônia que me abateu, recorri à alfavacas lá no encantado. passe os olhos por lá.

abraço