começava o dia cedo para o velho engolidor de espadas. pela manhã apresentava-se mais uma vez cansado dentro da garrafa que o ajudante-palhaço segurava com a mão esquerda. realmente era bom nisso. engolia a espada um pouco menor que o próprio tamanho. talvez a medida de um dedo? o público aplaudindo impaciente ou incomodado? e esperando e esperando e esperando as piadas acabarem. sim, é mesmo, enquanto o homenzinho-dentro-da-garrafa engolia lenta e corajosamente a fria lâmina, o assistente cantava piadas tristes e prósperas e, jogando a garrafa para o alto o céu abaulado e verdevidro, batia palmas sorrindo dentes violáceobrancos. gengivasazuis. realmente era bom nisso. talvez a plateia soubesse-lhe o segredo. realmente eram bons nisso. grand finale era o número de equilibrismo, claro. palhaço-ajudante sem os olhos-de-vidros de ponta-cabeça com uma única mão-tronco plantado no chão, equilibrando a garrafa no outro galho o céu abaulado e verdevidro: o velho homenzinho-sem-as-mãos equilibrava-se sobre a espada-lenta e ia destecendo o fio da lâmina. realmente era bom nisso. ninguém notou-lhe a lágrima no rosto : eles vão descobrir o segredo! aplaudiram incompreensíveis. foram embora sem perceber sequer que o homenzinho-velho-dentro-da-garrafa tinha os pulsos cortado com uma espada.
11 de ago. de 2008
OLHOSDEVIDROS (OU O INCRÍVEL ENGOLIDOR DE ESPADAS!)
começava o dia cedo para o velho engolidor de espadas. pela manhã apresentava-se mais uma vez cansado dentro da garrafa que o ajudante-palhaço segurava com a mão esquerda. realmente era bom nisso. engolia a espada um pouco menor que o próprio tamanho. talvez a medida de um dedo? o público aplaudindo impaciente ou incomodado? e esperando e esperando e esperando as piadas acabarem. sim, é mesmo, enquanto o homenzinho-dentro-da-garrafa engolia lenta e corajosamente a fria lâmina, o assistente cantava piadas tristes e prósperas e, jogando a garrafa para o alto o céu abaulado e verdevidro, batia palmas sorrindo dentes violáceobrancos. gengivasazuis. realmente era bom nisso. talvez a plateia soubesse-lhe o segredo. realmente eram bons nisso. grand finale era o número de equilibrismo, claro. palhaço-ajudante sem os olhos-de-vidros de ponta-cabeça com uma única mão-tronco plantado no chão, equilibrando a garrafa no outro galho o céu abaulado e verdevidro: o velho homenzinho-sem-as-mãos equilibrava-se sobre a espada-lenta e ia destecendo o fio da lâmina. realmente era bom nisso. ninguém notou-lhe a lágrima no rosto : eles vão descobrir o segredo! aplaudiram incompreensíveis. foram embora sem perceber sequer que o homenzinho-velho-dentro-da-garrafa tinha os pulsos cortado com uma espada.
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Um comentário:
... a cada texto tenho mais certeza que lida com as palavras como se fosse pintor...
a imagem que se cria vem como quadro... como instante ... unica imagem que conta algo incrível...
vejo cores...
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